Hoje, após a Polícia Federal divulgar que o hacker preso citou Manuela como o contato entre ele e o dono do site The Intercept, Manuela Dávila divulgou um comunicado em que confirma o contato

Delgatti, conhecido como Vermelho, um dos presos pela Operação Spoofing, também afirmou que não editou as mensagens de membros da Lava Jato antes de repassá-las ao Intercept. Ele disse acreditar que não é possível fazer a edição das mensagens do Telegram em razão do formato utilizado pelo aplicativo.

Em nota divulgada à imprensa, a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) confirmou que passou o contato do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil a alguém que dizia ter “obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras”. A ex-parlamentar relatou ter sido comunicada pelo Telegram de uma invasão em seu aplicativo, no dia 12 de maio. Depois, alguém entrou em contato, dizendo estar no exterior, e com a intenção de divulgar o material coletado.

Manuela afirmou estar sendo alvo de armadilha montada por seus adversários. “Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald”.

No depoimento a Polícia Federal , o hacker disse “que nunca recebeu qualquer valor, quantia ou vantagem em troca do material disponibilizado ao jornalista Glenn Greenwald”.

O hacker afirmou que teve contato com  Manuela – em 2018, ela foi candidata a vice-presidente na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT).

 

O responsável pelo Intercept se limitou a dizer que a pessoa responsável pela intermediação é de esquerda, tem formação em jornalismo e não exerce a profissão. Manuela é formada em jornalismo.

Na quinta, 25, Greenwald disse que um intermediário indicou o seu nome ao homem que se apresentou como hacker. Ele reiterou não saber a identidade da fonte e negou que o hacker tenha pedido dinheiro em troca das mensagens.

Greenwald também havia dito a VEJA que teve acesso aos diálogos no início de maio. Em depoimento, Delgatti confirma que procurou Manuela no domingo em que se celebrou o Dia das Mães deste ano, no dia 12 daquele mês. O primeiro contato com o jornalista, segundo Delgatti, ocorreu neste mesmo dia.

Pessoas próximas a Manuela informaram que ela está em viagem pela Europa.

Leia a íntegra da nota:

NOTA À IMPRENSA

Tomando ciência, pela imprensa, de alusões feitas ao meu nome na investigação de fatos divulgados pelo “The Intercept Brasil”, e por me encontrar no exterior em atividades programadas desde o início do corrente ano, esclareço que:

1. No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos. Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza.

2. Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.

3. Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial.