A suposta organização criminosa, usou modus operandi semelhante ao utilizado para grilagem de grandes propriedades rurais do Oeste do estado para se apropriar judicialmente de fazendas e imóveis em Canavieiras, Itacaré e Itabuna

Investigadores da Operação Faroeste coletaram provas de que o esquema de grilagem por meio da venda de sentenças se estendeu também para três cidades do Sul da Bahia. Além de grandes propriedades rurais do Oeste do estado, o falso cônsul de Guiné-Bissau Adailton Maturino, apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como mentor da suposta organização criminosa, usou modus operandi semelhante para se apropriar judicialmente de fazendas e imóveis em Canavieiras, Itacaré e Itabuna. Em conluio com servidores e autoridades do Judiciário, integrantes do grupo identificavam propriedades com problemas na escritura ou hipoteca judicial e, através de documentos falsos, transferiam a posse de forma fraudulenta para eles.

Os indícios mostram que o esquema surgiu no Tribunal de Justiça do Piauí, onde o ex-juiz José Ramos Dias Filho, punido com aposentadoria compulsória e ligado a Adailton Maturino, teria transferido ilegalmente 200 imóveis em todo o país, incluindo São Paulo.

Antes do estouro
Os tentáculos de rede de grilagem no Sul do estado foram detectados antes que o grupo de Adailton Maturino  consolidasse o esquema no Oeste, supostamente em aliança com advogados, empresários, juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ) baiano. Com base nas descobertas, o Ministério Público da Bahia e do Piauí deflagram, em 26 de agosto de 2016, a Operação Inmobillis, que colocou na cadeia um ex-juiz piauiense e um laranja de Maturino. Embora a Justiça tenha decretado também a prisão do falso cônsul e de sua esposa, Geciane Maturino,  o TJ concedeu à época habeas corpus aos dois e determinou o recolhimento dos mandados expedidos contra ambos. Curiosamente, o próprio MP apresentou parecer favorável a eles na liminar referendada pela Primeira Câmara Criminal do TJ. O casal hoje está preso pela Faroeste.

Mudança de cárcere
Presa na última sexta pela operação, a desembargadora afastada Maria do Socorro Barreto Santiago foi transferida recentemente para Brasília. Segundo apurou a Satélite, ela ocupa agora sala especial no Presídio da Papuda ou na carceragem da PF. Antes, estava no Batalhão de Choque da PM, em Lauro de Freitas.

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve, nessa quarta-feira (04/12), a prisão temporária da ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) Maria do Socorro Barreto Santiago. Por unanimidade, os magistrados referendaram decisão de novembro do ministro Og Fernandes, mantendo a prisão da ex-presidente, de um juiz e o afastamento de quatro

 

MENTOR

Apontado como mentor da ação que visava grilar uma área quatro vezes maior que Salvador em Formosa do Rio Preto, na Bahia, o falso cônsul da Guiné-Bissau, Adailton Maturino, levava vida de luxo na Bahia, segundo o Ministério Público Federal (MPF).

Diálogos telefônicos interceptados com anuência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) mostram João Carlos Novaes — um dos advogados de José Valter Dias, usado como laranja no suposto esquema de grilagem — narrando os gastos do suposto cônsul.

Segundo as conversas, R$ 3 milhões foram investidos em um show que teve como atração a cantora Claudia Leitte. Além disso, um show foi realizado no Wet’n Wild, com os cantores Bruno e Marrone, com quem ele realizou um vídeo e distribuiu pulseirinhas com a inscrição “camarote do cônsul”.

Falso cônsul gastava milhões com shows e virou cidadão de Salvador