A chefe do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Maria van Kerkhove, afirmou nesta segunda-feira,08, que a transmissão da Covid-19, por pacientes sem sintomas da doença parece ser “rara”. Entretanto, ela ressaltou que há diferença entre assintomáticos e pré-sintomáticos, que são as pessoas que vão desenvolver algum sintoma da doença.

Ao analisar o tema, Maria citava países com grande capacidade de testagem e rastreio. Além disso, em alguns casos, pontuou van Kerkhove, quando uma segunda análise dos supostos casos assintomáticas é feita, descobre-se que os pacientes tiveram, na verdade, leves sintomas da infecção.

A declaração da chefe do programa de emergências foi criticada por pesquisadores por ter soado ambígua. Entre os críticos que ajudaram a esclarecer o pronunciamento esteve o diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Harvard, Ashish K. Jha.

O pesquisador da universidade norte-americana argumentou no Twitter que infectados que não apresentam sintomas são uma forma importante para a transmissão da Covid-19. Ele explicou que apenas 20% dos infectados não desenvolverão nenhum sintoma. Os outros 80% poderão desenvolver sintomas leves ou mais duros da doença.

“Muitos deles já espalham o vírus antes de desenvolver sintomas”, disse Jha. “Eles são, tecnicamente, pré-sintomáticos e não assintomáticos.”

Declaração sobre rastreio de casos sintomáticos

Maria van Kerkhove fez a declaração sobre pacientes sem sintomas durante pronunciamento no qual argumentava que a contenção da transmissão da Covid-19 pode ser mais rápida com a localização e o isolamento dos casos sintomáticos.

Diante das críticas e dúvidas, horas depois, em seu perfil no Twitter, Maria van Kerkhove reforçou que há diferença entre pacientes assintomáticos e pré-sintomáticos. Além disso ela recomendou a consulta ao Guia do OMS publicado na sexta,05, que trata do uso de máscaras para a proteção.

No documento, a entidade diz que “estudos mais abrangentes sobre a transmissão de indivíduos assintomáticos são difíceis de conduzir”, mas cita um trabalho como exemplo. A pesquisa aponta que, entre 63 indivíduos assintomáticos estudados na China, havia evidências de que 9 (14%) infectaram outra pessoa.

No mesmo documento, a OMS alerta: “Os dados disponíveis até o momento, que tratam de casos de infecção em pessoas sem sintomas são decorrentes de um número limitado de estudos com pequenas amostras que estão sujeitas a revisões e não podem dizer se eles carregam a transmissão.”

Rastreamento abrangente

Ao analisar o tema, Maria citava países com grande capacidade de testagem e rastreio. “Temos alguns relatos de países que estão fazendo rastreio de contatos muito detalhados, estão seguindo casos assintomáticos, seguindo contatos e não estão encontrando transmissões secundárias. É muito raro”, disse van Kerkhove.

“Estamos constantemente olhando para esses dados e tentando obter mais informações para de fato responder a essa pergunta, [mas] ainda parece ser raro que um indivíduo assintomático transmita a doença”, completou van Kerkhove.