Ela chorou ao ver o corpo do marido, executado friamente. Acompanhou as investigações da polícia, a prisão do assassino e sua confissão. Ela também prestou depoimento, relatando a forma violenta como o casal foi abordado pelo criminoso. Mas, quase seis meses depois, essa mesma mulher, que até então chorava a morte brutal do companheiro, também foi para a cadeia.
Esta é a síntese da reviravolta no caso do assassinato do empresário Crispim Gomes de Brito, mais conhecido como Nôca, de 65 anos, dono da Pousada Porto Real, na Ilha de Comandatuba, em Una. A esposa dele, Lícia Ferreira Brasil, foi presa esta semana, em cumprimento a um mandado de prisão preventiva. A operação, realizada na pousada da viúva, foi comandada pelo delegado Thiago Almeida.
Após as investigações, a polícia descobriu que Lícia, na verdade, foi quem teria encomendado a morte do próprio marido. Depois, fez toda uma encenação, para parecer que os dois tinham sido vítimas de uma emboscada. Lícia, na ocasião, disse à polícia que chegou a ser levada pelos bandidos, dentro do carro de Nôca. Ela contou que foi liberada mais tarde, em uma estrada naquela região.
Versão do atirador pode ter feito parte do plano da viúva
Na época do crime, ocorrido no dia 3 de dezembro do ano passado, José Cardoso dos Santos, o “Pescoço de Frango”, de 63 anos, ex-funcionário da vítima, foi detido em Itabuna e confessou ter atirado no empresário, quando ele voltava da Cabana, que também era de sua propriedade, para a Pousada Porto Real.
Em depoimento, o acusado alegou que matou o ex-patrão porque ele não queria lhe pagar uma dívida do período em que era funcionário da pousada. O homem ainda se fez de vítima. Mostrou umas marcas no corpo e atribuiu isso a uma surra que teria levado a mando do empresário. Essa versão, suspeita a polícia, pode ter feito parte de um plano montado pela viúva.
Além desse crime, “Pescoço de Frango” é apontado como integrante de uma quadrilha que executou o ex-deputado Maurício Cotrim, em setembro de 2017, no município de Itamaraju.