Após entrevistas com produtores e especialistas do setor, um grupo de trabalho apresentou, na última terça (5), em Brasília, três propostas de novo modelo organizacional da Ceplac. As propostas adotam conceito de Ceplac oferecendo Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) e Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater).
Num dos modelos, a Ceplac seria um misto de Secretaria Especial, com status de secretaria ministerial, e Organização Social (OS). Noutro, Secretaria Especial ou órgão autônomo mais núcleo de inovação tecnológica. A terceira opção é reenquadramento como órgão federal, ente autônomo da administração direta ou indireta. O resultado do trabalho será apresentado ao secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, segundo o diretor geral da Ceplac, Juvenal Maynart, que participou da apresentação.
O Marco Setorial Jurídico, observa o diretor, se dá a partir da discussão de um país que já foi o segundo maior produtor de cacau do mundo e sofreu desarranjo em toda a sua cadeia com a chegada, há 30 anos, da vassoura de bruxa onde estava concentrada toda produção nacional. “Isso atingiu a Ceplac, que veio perdendo os quadros qualificados funcionais, diminuindo a sua capacidade de atuação num órgão que tem uma função de pesquisa e de extensão da cacauicultura”.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA E EXTENSÃO
Juvenal ressaltou a sensibilidade do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, nas discussões. “Teve a sensibilidade em entender que a Ceplac precisava, antes de tudo, definir de que forma ela iria se colocar num modelo que se integrasse em articulação com todo mundo acadêmico, com todas as relações e com demais órgãos de pesquisa nacional com fim específico pela sua expertise em aumentar a produção de cacau”.
O diretor lembrou a lei 13.502/2017, que traz para o Ministério da Agricultura a pesquisa e a extensão de sistemas agroflorestais e a Ceplac. “Estamos falando definitivamente de remodelar um órgão de ciência, tecnologia e extensão numa modelagem que atende a uma demanda mundial com sistemas agroflorestais e, acima de tudo, planejamento de organização por bacias hidrográficas”.
A expansão do consumo de cacau e chocolate pelo mundo também foi abordado pelo diretor geral da Ceplac, o que reforça a necessidade de reorganização da ciência e tecnologia e da assistência ao produtor no Brasil. “Dados mostram que [o consumo de chocolate] na Índia e China cresce 10% a 15% ao ano. Óbvio que, num mundo globalizado, também começa a haver uma difusão também de riscos de pragas e nós, principalmente no caso específico nos países andinos, já temos a monília que corre o risco de um dia chegar ao Brasil e isso é uma função nossa de resguardar esses cuidados”, disse ressaltando o interesse brasileiro, público e da iniciativa privada, na área sanitária e das relações de trabalho neste setor.
BAHIA
A recuperação da capacidade produtiva baiana, onde está situada 90% da indústria moageira da amêndoa, é observada pelo diretor da Ceplac. Juvenal acredita que em cinco anos o país deixará de ser importador de cacau. “O que a gente precisa é recuperar a produção na Bahia para atender toda planta nacional para gerar interesse da indústria e chegar a Amazônia por expansão e não por transferência”, disse. Segundo ele, essa atenção aceleraria o plano de tornar o país autossuficiente na produção de cacau, deixando de importar a amêndoa.
Juvenal Maynart destacou ainda a importância do Banco de germoplasma do cacau para o mundo que atrai interesse para novas parcerias e financiamento. “Nós somos detentores do maior banco de germoplasma do cacau do mundo. Isso hoje atrai parceiros que querem nessa nova modelagem serem financiadores de projetos para gente organizar esse patrimônio, para utilizar em pesquisa porque acima de tudo nesse conjunto de riqueza genética vai se achar soluções para esse novo viés de pragas e de necessidades até questões climáticas e espécies de cacau que consuma menos água, e organizar o sistema produtivo que dependa de genética do nosso banco de germoplasma”.
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Fonte: Pimenta na Muqueca