Clube leva a votação empréstimo de R$ 17 milhões na quinta. Diretor de finanças explica que verba serve para custo do CT, reforços, folhas e demais gastos: “Não representa 50% do meu giro mensal”
Prestes a anunciar a maior contratação dos últimos anos no futebol brasileiro com a chegada de Vitinho, o Flamengo faz as contas para seguir líder e investindo alto no elenco. A contratação do atacante do CSKA por 10 milhões de euros (cerca de R$ 44 milhões) faz parte de um pacote que já soma R$ 56 milhões em contratações até aqui em 2018.
A compra de Vitinho se soma aos gastos na aquisição de Henrique Dourado (R$ 17,5 milhões nos direitos econômicos), mais os custos de luvas nas chegadas do próprio Ceifador, de Marlos Moreno e de Fernando Uribe.
O Flamengo espera confirmar nos próximos dias, além de Vitinho, Everton Felipe, meia vindo do Sport, e Robert Piris da Motta (volante do San Lorenzo), o que vai fazer essa conta de investimento em contratações aumentar. Também por isso o Flamengo vota, na próxima quinta-feira, no Conselho Deliberativo, a aprovação para captar empréstimo de R$ 17 milhões do banco Daycoval.
O empréstimo – o segundo do ano, depois de R$ 15 milhões captados em janeiro – era um dos três previstos para 2018. No orçamento deste ano, disponível no site do clube, o Flamengo previa buscar R$ 10 milhões em janeiro, mais R$ 10 milhões em março e R$ 20 milhões em junho. Mas adiou e reajustou – para baixo – os planos com receitas extraordinárias, explicou o diretor de finanças do Flamengo, Marcio Garotti.
– Já sabíamos que 2018 ainda era ano de necessidade de caixa. Temos que atender a um plano de investimentos, a pagamentos do clube, série de coisas. Nessa altura, de acordo com o orçado lá atrás, teríamos captado R$ 40 milhões, mas tivemos algumas entradas de receitas, com vendas (de jogadores) e vivemos ano bom em relação a todos parâmetros, tanto de receita como em despesas. Por isso, depois de pegar R$ 15 milhões antes, agora estamos pegando R$ 17 milhões líquido, mas tudo absolutamente dentro do previsto – afirmou Garotti.
Sem entrar em detalhes das contratações (“Não falo de nomes de jogadores”), o executivo de finanças do Flamengo – que ainda não substituiu Claudio Pracownik na pasta – informa que em vendas o Flamengo já ultrapassou o previsto para 2018. No orçamento, ele explica, “estava previsto vender R$ 15 milhões e comprar R$ 10 milhões”.
– Era previsão de orçamento, mas algo que serve simplesmente para podermos ter horizonte. As compras e vendas dependem da composição do nosso elenco. Estamos agora com vendas de R$ 52 milhões, e compras de R$ 56 milhões, por aí – disse, referindo-se no último também à aquisição de Vitinho, que está sendo concluída junto ao CSKA.
Clube vai pagar R$ 115 milhões em dívidas em 2018
No total de vendas (R$ 52 milhões), não está a receita da última parcela de Vinicius Junior, explicou Garotti, pois era verba já prevista no orçamento para este ano. Estão na conta: a venda de Jonas, parcelas das vendas de Felipe Vizeu e de Mancuello, negociação de Everton ao São Paulo, além da rescisão de saída de Reinaldo Rueda e do que o Flamengo recebeu, após quatro anos, de Hernane Brocador.
Garotti minimiza qualquer discussão sobre a tomada de empréstimo do Flamengo. Diz que não há captação desse montante para uma causa específica – por exemplo, pagar a compra de Vitinho -, mas lembra que obedecem a um “caixa único, que vai desde obras no CT até comprar folha de papel”.
– Não vejo razão para esse barulho. O empréstimo (de R$ 17 milhões) não representa 50% do meu giro mensal. Não é empréstimo estruturante nem estrutural. O Flamengo no ano passado teve R$ 650 milhoes de receita. Esse ano, previsão de R$ 450 milhões. Prevíamos pagar R$ 102 milhões em dívidas, agora, calculamos R$ 115 milhões. Fechando o ano com dívida de R$ 334 milhões – explicou Garotti, que assumiu as finanças do Flamengo no fim do ano passado.
A conta do giro mensal ao qual o diretor de finanças do Flamengo se refere à divisão das receitas totais, de R$ 450 milhões, pelos 12 meses do ano, o que dá aproximadamente R$ 37 milhões – os R$ 17 milhões captados este mês, portanto, são menos da metade do que teria de receita num mês. Apesar dos bons resultados, o diretor do Flamengo não fecha os olhos para mais movimentações do clube no mercado. Tanto de entrada quanto de saída.
– Ainda temos coisas a realizar. Tanto para vender quanto para comprar (jogadores). Apesar da liderança, estamos investindo para continuar fortes. A possibilidade de novos negócios sempre existe para conciliar objetivos financeiros com a nossa performance no futebol – disse.