A Polícia Civil de Goiás informou neste sábado, 22, que dentro da mala apreendida em operação realizada na sexta-feira, 21, em um dos endereços ligados a João Teixeira de Faria, o médium João de Deus, havia R$ 1,2 milhão em espécie, US$ 908 e 770 euros. Também foram encontrados um revólver calibre 38, uma algema e pouco mais de 100 pedras que ainda terão de ser periciadas pela autoridade policial.
As informações divulgadas neste sábado são complementares às apresentadas em coletiva de imprensa na tarde de sexta-feira. Entre os locais das apreensões está a Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde ele fazia os atendimentos espirituais.
O médium está preso desde o último domingo. Sua prisão havia sido determinada no dia 14 de dezembro, a pedido do Ministério Público e da Polícia Civil de Goiás, depois que mais de 330 mulheres, de vários Estados e pelo menos seis países, prestaram depoimento acusando o religioso de cometer abuso sexual durante atendimentos prestados em seu centro espiritual. A defesa afirma que João de Deus é inocente.
Na semana passada, a Polícia Civil e o Ministério Público de Goiás receberam denúncia de que o médium pode ter ligação com um negócio de falsas pedras preciosas. A informação chegou à força-tarefa por meio de uma testemunha, mantida em sigilo, e gerou a abertura de um novo inquérito. Se a suspeita for confirmada, João de Deus pode responder também por estelionato.
Questionado sobre o assunto em seu depoimento no domingo, o líder religioso negou participação em esquema de venda de falsas pedras preciosas. O médium é conhecido por atuar no ramo do garimpo, extração e lapidação de pedras. Alguns desses cristais são oferecidos, inclusive, a seus seguidores na Casa Dom Inácio de Loyola.
Na sexta-feira, o juiz Liciomar Fernandes da Silva, do Tribunal de Justiça de Goiás, acatou novo pedido de prisão preventiva contra o médium. A nova prisão foi decretada por suposto porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e restrito.
Na decisão de sexta-feira, Silva afirmou que a prisão preventiva é “necessária para a garantia da ordem pública, em razão da gravidade concreta do crime, em face da grande quantidade de armas e munições que o investigado mantinha em sua posse”. Entre as seis armas encontradas na residência de João de Deus, uma delas estava com a numeração raspada.
O magistrado ainda destacou que a liberdade do médium poderá abalar “a paz e a tranquilidade no meio social, vez que essa liberdade servirá de incentivo para que outros indivíduos venham a praticar crimes de mesma natureza, além de permitir que ele continue a delinquir, o que justifica a restrição da liberdade”.
Na última semana, a Polícia Civil de Goiás encontrou, a partir de mandados de busca e apreensão, aproximadamente R$ 405 mil em dinheiro vivo na residência do médium. A quantia estava em um fundo falso de um guarda-roupa, onde também foram encontradas cinco armas, espalhadas por gavetas e outros espaços, sendo uma delas com a numeração raspada.
De acordo com o Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público do Estado de Goiás, foram feitos 596 contatos pelo e-mail criado pela instituição especificamente para essa investigação. Deste total, foram identificadas 255 possíveis vítimas do médium, tendo sido ouvidas formalmente 75 em Goiás e em outros Estados.
A reportagem entrou em contato com a defesa do médium, mas não obteve resposta até a conclusão deste texto.