Corre nas redes sociais e aplicativos de mensagens a notícia de que Cuba descobriu uma vacina contra o coronavírus e que a mesma já teria curado mais de 1500 pessoas infectadas. Informações ainda dizem que Interferon alfa 2B está sendo produzido em parceria com a China.
Infelizmente, a aparante boa notícia diante dos mais de 80 mil casos confirmados trata-se de uma fake news. Na verdade, o Interferon alfa 2B é um medicamento antiviral usado no tratamento da doença.
A informação chegou até a ser compartilhada por portais de notícia e por pessoas influentes, como Guilherme Boulos, que, horas depois, corrigiu a informação.
Medicamento desenvolvido em Cuba não é vacina. A informação usa conceitos errados para falar do Interferon Alfa 2B. O governo cubano realmente anunciou uma droga que a ajudou no tratamento de 1.500 pessoas na China, mas trata-se de um medicamento, não de uma vacina. O infectologista Plínio Trabasso, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade de Campinas), diz não ter conhecimento específico sobre a produção cubana, mas explica que o Interferon é um imunomodulador.
“O Interferon estimula a resposta imunológica do paciente, a produção de células de defesa, mas de forma inespecífica. Ele altera as citocinas, as células da resposta inflamatória, para que se comuniquem entre si e se autorregulem”, explica Trabasso. “Mas não é vacina porque não causa proteção ativa. Pelo conceito, uma vacina expõe o indivíduo ao patógeno para estimular a criação de anticorpos. Esse é o princípio”, argumenta o infectologista. Ainda não há uma vacina disponível para prevenção contra o coronavírus.
Das 4 possíveis vacinas, que ainda estão em fase de estudos, a mais promissora parece ser uma desenvolvida pela companhia Moderna Pharmaceuticals. No entanto, ainda pode levar mais de um ano até que todos os testes de segurança sejam feitos e que a eficácia do medicamento seja comprovada.