Dormi tarde e perdi a hora. Para onde ela foi? Onde moram as horas? Onde vive o tempo? A pilha deve ter esgotado durante a noite e, ao me deparar com a ausência dos números na telinha, percebi que havia perdido as horas.

Sem essa contagem, o tempo passa? Para que serve um relógio? Para lembrar do tempo ou para fugirmos dele? Afinal, a gente vive correndo contra o tempo.

Ele é vilão, para nos fazer correr? É um acalento, para nos fazer esquecer as tristezas ou nem existe já que a gente teve que inventar tudo?

A vida sem as horas fica sem controle. O que faço agora? Compro pilhas novas? Continuo sem saber as horas e finjo ser livre do sistema? Paro de usar relógios? Olho as horas no celular? Olho para o céu pra ver a posição do sol? Nem isso.
Chove tanto. As nuvens estão opacas.

Perdi o tempo.
Literalmente perdi as horas.
Mas as horas são criações de nossa cabeça.

A gente inventa o monstro para poder sentir medo. A gente cria o labirinto para se perder. A gente desenvolveu o tempo para se atrasar.
A gente se autoescraviza para nunca alforriar.

O tempo é um oceano e nós somos barcos sem vela. Sabe-se lá para onde vamos.

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