O lei ambiental que exigirá rastreamento de produtos agrícolas a partir de dezembro, será um desafio também para o Brasil e outros fornecedores.
Atender a lei ambiental da União Europeia, que exigirá rastreamento de produtos agrícolas a partir de dezembro, será um desafio para a Costa do Marfim, assim como para o Brasil e outros fornecedores. O maior produtor de cacau do mundo não tem um mapeamento adequado da cadeia, segundo levantamento da Trase – iniciativa sem fins lucrativos fundada em 2015 pelo Instituto Ambiental de Estocolmo e pela Global Canopy.
De acordo com a entidade, apenas 35% do cacau exportado pelo país em 2022 (último dado disponível) foram provenientes diretamente de cooperativas de agricultores, uma diminuição em relação aos 39% em 2021. O restante foi obtido indiretamente através de fornecedores intermediários, tornando a rastreabilidade muito mais desafiadora.
O levantamento mostra que a proporção de fornecimentos diretos versus indiretos varia muito entre os diferentes departamentos regionais da Costa do Marfim. Os maiores volumes de cacau de origem indireta provêm de Sassandra, Tabou, Guiglo, no oeste do país, ou Abengourou, no leste. Apenas 6% da produção de cacau provém diretamente de cooperativas em Danane, enquanto em Djekanou, 75% do cacau provém diretamente de uma cooperativa.
“Cooperativas que foram certificadas pela UTZ, Rainforest Alliance ou Fairtrade durante vários anos terão ganhos, enquanto outros produtores vão perder espaço e vendas”, diz a Trace em relatório.
“Sem o apoio adequado da UE, do governo da Costa do Marfim e das empresas compradoras de cacau para cumprir os requisitos da lei, muitos agricultores podem acabar por só conseguir vender para mercados fora da UE”, completa.
“Se a União Europeia dividir o mercado internacional em dois, o excesso de cacau da Costa do Marfim que não pode ser vendido para lá poderá baixar o preço nacional e deixar os agricultores com um poder de negociação ainda mais fraco.”