Na última sexta-feira, APLB anunciou a decisão da maioria dos educadores de não retornar às aulas presenciais em 26 de julho, conforme determinou Rui Costa.
O governador Rui Costa cobrou nesta segunda-feira, 19, que os professores da Rede Estadual de Ensino tenham “sensibilidade social” e retornem para as salas de aulas.
Na última sexta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB) anunciou a decisão da maioria dos educadores de não retornar às aulas presenciais no próximo dia 26 de julho, conforme determinado pelo chefe do Executivo baiano. A entidade informou que os professores só retornarão 15 dias após a conclusão da imunização da categoria, com a 2ª dose da vacina aplicada, prevista para o mês que vem.
“É preciso ter sensibilidade social com essas pessoas e todos nós já estamos trabalhando: repórteres, polícia, padeiro, motorista de ônibus, médicos, todas as funções sociais na sociedade, todo mundo está trabalhando. É hora de a gente começar a oferecer oportunidade de vida aos jovens e adolescentes”, disse o governador durante cerimônia de entrega da reforma do Campo do Bariri, no bairro de Santa Cruz, em Salvador.
Rui afirmou ainda que está “extremamente preocupado” com a situação dos jovens estudantes baianos, principalmente os moradores das periferias das cidades, que já estão sem aula há um ano e quatro meses.
“Estamos perdendo, a palavra é essa mesma, perdendo a vida de muitos jovens que, infelizmente, por estarem nas periferias, nas mais pobres, eles acabam sendo assediados para o caminho errado. O não funcionamento das escolas, milhares deles estão por aí perambulando pelas ruas durante o dia em uma condição muito vulnerável”, alertou.
O governador já anunciou o corte dos salários dos docentes do Estado, caso não cumpram a determinação de retorno às atividades. Já a APLB acusa a gestão baiano de desrespeitar a categoria com a falta de diálogo.
De acordo com a entidade, Gisélia Souza, doutora em Saúde Pública pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e integrante do Comitê Baiano “Vacina no SUS Já” defendeu, na assembleia da última sexta, que a flexibilização agora traria consequências muito sérias e apontou a lentidão no processo de vacinação como culpada.
“Como a vacinação está muito lenta, a circulação do vírus pode favorecer uma mutação muito rápida. Já temos no Brasil detectada a variante Delta. A velocidade de transmissibilidade da Delta chega a ser de 60% mais rápida que a Gama ou outras variantes. É preciso acelerar o processo de vacinação e não flexibilizar tanto. O retorno das aulas presenciais pode trazer sérios riscos para a população. Acho imprudente e incentivo o diálogo”, defendeu.
Conforme a entidade representativa dos educadores do estado, a decisão de permanecer sem retornar às salas de aulas foi de 95.6% dos trabalhadores em Educação. No encontro, segundo a APLB, seis mil educadores participaram da votação, número contestado nesta manhã pelo lider do Governo na Assembleia Legislativa da Bahia (alba), deputado Rosemberg Pinto (PT).
“Lamento que Rui Oliveira [coordenador-geral da APLB] tome essa posição. Não acredito que essa seja a tese dos professores da Bahia. Não sei como ele consegue reunir seis mil trabalhadores em uma assembleia virtual. Achei estranho a posição. Essa posição é individualizada e, agora, ele está com esse pepino nas mãos, tentando trazer os professores para a sua tese”, criticou o líder governista.