O país passou a proteger mais de 86.000 hectares de floresta amazônica ao adotar práticas de produção sustentável.

O Equador emergiu como um exemplo global na produção sustentável, destacando-se pela sua produção de café e cacau livres de desmatamento. O país sul-americano tem conquistado espaço em mercados exigentes como o da União Europeia (UE), provando que seus agricultores têm evitado o desmatamento de vastas áreas da Amazônia.

Com mais de 93.000 hectares dedicados ao cultivo de café, cacau, dendê e à pecuária, o Equador enfrentava desafios significativos em relação ao desmatamento. No entanto, o país mudou de rumo, protegendo mais de 86.000 hectares de floresta amazônica ao adotar práticas de produção sustentável.

A Itália e a Bélgica foram os primeiros países a receber produtos equatorianos certificados como livres de desmatamento. Esse avanço faz parte dos programas PROAmazonia e Pago Por Resultados, iniciativas alinhadas com o mecanismo internacional de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+).

Até o momento, a empresa italiana Lavazza adquiriu 34,5 toneladas de café sustentável do Equador e está pronta para lançar, em Turim no dia 30 de setembro, sua primeira marca de café livre de desmatamento. Da mesma forma, a empresa belga Silva Cacao comprou 10,8 toneladas de cacau sustentável.

Víctor Yanangómez, presidente da Federação Regional das Associações de Pequenos Cafeicultores Ecológicos do Sul do Equador (Fapecafes), destacou que “as características do café equatoriano e a forma sustentável de cultivo permitem que a Lavazza estabeleça um preço mais alto em comparação com o café da Colômbia ou do Peru.”

O Equador é o primeiro país a receber financiamento internacional do REDD+, conforme afirmou Ángel Sandoval, subsecretário de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Água e Transição Ecológica. O PROAmazonia, desenvolvido entre 2017 e 2023 com apoio técnico do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), tem sido crucial para esses avanços.

“A necessidade impulsiona o desmatamento, mas oferecemos alternativas”, disse Sandoval. Mais de 16.000 agricultores participaram de programas de treinamento, resultando em um aumento de 24% na produtividade e 42% na receita entre 2021 e 2023. Essas medidas contribuíram para uma redução de 93% no desmatamento nas áreas impactadas.

Além disso, foram concedidos US$ 2,3 milhões em 360 empréstimos, com 41% destinados a mulheres. Os empréstimos incluem taxas de juros reduzidas para aqueles que atingem metas de produção sustentável.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Equador foi reconhecido como “o país com os melhores resultados e a maior produção orgânica do mundo”, segundo Nelson Yépez, subsecretário de Marketing do Ministério da Agricultura e Pecuária. Este reconhecimento fortalece a proposta de que o país se torne uma referência em produção sustentável na América Latina.

Em setembro, Quito sediará o Primeiro Workshop Regional sobre Produção Sustentável e Livre de Desmatamento, com a participação de representantes de Brasil, Costa Rica, Peru e Colômbia, entre outros países.

Para Mónica Andrade, chefe da Área de Meio Ambiente e Energia do PNUD no Equador, o sucesso se deve à cooperação interinstitucional e a uma visão compartilhada. Desde 2009, diferentes atores têm trabalhado juntos para tornar o país um pioneiro mundial em sustentabilidade.

O projeto Pago Por Resultados, financiado pelo Fundo Verde para o Clima (GCF), visa ampliar essa estratégia a nível nacional, impactando também outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como a redução da pobreza, conservação florestal e igualdade de gênero.

Com esses esforços, o Equador não apenas protege seu meio ambiente, mas também abre caminho para um futuro mais sustentável e próspero.