A região responde por cerca de 70% da produção mundial.
O mês de outubro marca o início da temporada 2024/25 de cacau no oeste da África, região que responde por cerca de 70% da produção mundial. Depois de três ciclos consecutivos com déficit na oferta global da commodity, a perspectiva é favorável para o começo da temporada, que deve trazer um cenário mais previsível nas cotações internacionais.
“Já há um consenso entre os agentes de mercado de que a nova safra [2024/25] deverá ter um superávit, que deve ficar entre 100 mil e 200 mil toneladas. Isso se dará principalmente pela queda na demanda no próximo ano, que deve ser de 3%, e também devido ao aumento da oferta nos principais países produtores [Gana e Costa do Marfim, nessa ordem]”, diz Rafael Machado Borges, analista de inteligência de mercado da StoneX.
Ele comenta que o regime de chuvas nos últimos meses em zonas cacaueiras da África alimentou a projeção de melhora na safra que se iniciou. Sob esse contexto, Costa do Marfim, que lidera a produção mundial, pode colher de quase 2 milhões de toneladas, acima das 1,75 milhão de toneladas da temporada recém encerrada.
A recuperação na oferta deve amenizar a volatilidade no mercado internacional, que neste ano enfrentou picos históricos de preços na bolsa de Nova York. A cotação hoje, que está na faixa dos US$ 7 mil a tonelada, não deve repetir os quase US$ 12 mil alcançados pela primeira vez em abril deste ano, nas projeções do analista.
“Não vejo espaço para um cenário recorde de preços. A safra de 2024/25 está entrando com oferta melhor, então é difícil enxergar novos picos nas cotações nos próximos anos, que devem se estabilizar nos valores atuais”, ressalta Borges.
Para o analista, a tendência atual de preço só muda com alguma surpresa na produção no oeste da África, como o aumento de doenças fúngicas ou elevação na demanda por produtos de cacau.
Há tempos, os prognósticos para a safra de cacau em 2024/25 se mostram mais otimistas que nos últimos anos. Em julho, o Marex Group projetou que a oferta de cacau irá superar a demanda em 303 mil toneladas.