Cemig esclarece informações sobre a operação do reservatório da Usina Hidroelétrica de Irapé devido ocorrência de cheias na bacia do Rio Jequitinhonha e repudia informação sobre abertura de comportas e liberação de grande volume d’água.

Por Marcus Paulo
Circula nas redes sociais a informação de que a abertura das comportas da Hidrelétrica de Irapé, no Rio Jequitinhonha em Minas Gerais, iria afetar o volume d’água na Barragem de Itapebi, também no Rio Jequitinhonha, já na Bahia. Municípios que ficam no leito do rio, também seriam atingidos.
Segundo o falso relato, seriam descartados 4.000 metros cúbicos por segundo, que afetaria a barragem de Itapebi que estaria com “100% da sua capacidade de armazenamento”. As comportas dessa segunda barragem então seriam abertas, provocando alagamentos na parte de baixo da hidrelétrica. Nesse trecho, o Jequitinhonha corta as cidades de Itapebi e Belmonte, antes de chegar ao mar.
A falsa notícia, causou grande repercussão em cidades do  nordeste de Minas e sul da Bahia, regiões bastante afetadas pelas fortes chuvas que caem há vários dias.
O Folha Confere averiguou a informação que é FALSA!  Ainda na manhã de hoje, 09, a CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), soltou um comunicado desmentindo a informação, que você lê  abaixo na integra:
A Cemig esclarece que a UHE Irapé, localizada no Rio Jequitinhonha próxima aos municípios de Berilo, Grão Mogol e Coronel Murta, na região nordeste de Minas Gerais, está operando em condições normais. Desta forma, não está prevista a abertura de comportas para controle de nível do reservatório mediante a ocorrência de cheias na bacia do Rio Jequitinhonha neste início de dezembro.

Em 09/12/2021 o reservatório da UHE Irapé, que é considerado como sendo um reservatório de acumulação, estava operando com 27,79% de sua capacidade máxima, com política de defluência (liberação de vazão) minimizada para permitir a recuperação do reservatório ao longo da estação chuvosa.

Circularam notícias vias WhatsApp, atribuindo à Cemig a informação de que a UHE Irapé abriria comportas e estaria com 98% de capacidade, o que poderia causar inundações nos municípios situados no leito do Rio Jequitinhonha. Esta informação é falsa e a Cemig repudia a divulgação de tais informações que não condizem com a realidade operativa da usina.

As informações operativas da UHE Irapé estão disponíveis à população através do site oficial da Companhia e do aplicativo Prox, disponível de forma pública e gratuita para Android e iOS.

Em 08/12/2021 a defluência média da usina foi de apenas 55 m³/s, enquanto as afluências ao reservatório se aproximaram de 350 m³/s. Na manhã de hoje, 09/12/2021, as afluências superaram 600 m³/s, com o reservatório cumprindo seu papel de amortecimento de afluências, fazendo a contenção de uma cheia potencial. Para os próximos dias, as previsões indicam a permanência de chuvas, com as vazões afluentes se mantendo em patamares elevados e o reservatório armazenando a maior parte do volume recebido.

Ao lonto de 2021 o reservatório da UHE Irapé foi utilizado para atendimento à demanda de energia do Sistema Interligado Nacional, tendo atingido um armazenamento mínimo de 20,29% no final de novembro, conforme gráfico a seguir.

Conforme exibido no gráfico de armazenamentos do último ano, acima, o volume útil atual da UHE Irapé é substancialmente inferior à capacidade máxima da usina (100%) e ao volume máximo verificado ao final da última estação chuvosa (58%).

A expectativa de afluências (vazões que chegam ao reservatório) durante a estação chuvosa indica que teremos vazões próximas ou superiores à média histórica da região, e o reservatório da UHE Irapé será capaz de ganhar armazenamento e finalizar a estação chuvosa em situação melhor do que a última estação chuvosa.

Em caso de necessidade de abertura de comportas, o que não é o caso neste momento, a Cemig fará comunicações antecipadas com as coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil, de acordo com os procedimentos operativos vigentes e Planejamento Anual de Prevenção de Cheias, realizado em conjunto com o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS.