Ele vem sendo ameaçado de morte desde que um grupo com mais de 70 pessoas invadiu um alojamento em Una, destruiu o local e matou duas pessoas.  Desde então, Babau tem sido responsabilizado pelo crime.

A Ouvidoria Geral da Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA) anunciou nesta quinta-feira, 28, que criou um grupo de trabalho para articular ações de proteção ao cacique Tupinambá Rosilvado Ferreira da Silva, conhecido como Babau. Ele tem sido ameaçado de morte desde que um grupo com mais de 70 pessoas invadiu um alojamento em Una, destruiu o local e matou duas pessoas.

O crime no Alojamento 4, em um antigo conjunto de fazendas conhecido como Unacafé, aconteceu no dia 8 de julho e, desde então, o líder indígena tem sido responsabilizado. Mensagens que circulam nas redes sociais apontam para articulações com o objetivo de vingar o ataque com a morte do cacique Babau e de estudantes indígenas da Aldeia Serra do Padeiro.

Na terça-feira, 26, a Ouvidoria realizou uma visita técnica à comunidade indígena da Aldeia Serra do Padeiro para firmar o apoio. Entre as missões já definidas para o grupo de trabalho estão a criação de uma campanha pública em defesa do cacique e o fortalecimento do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH/BA), no qual o indígena está inserido.

Entre outros órgãos, o encontro contou com participação de representantes da DPE/BA, Coordenação de Políticas de Povos Indígenas da Bahia da Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos – SUDH, Superintendência de Políticas Territoriais e Reforma Agrária, Defensoria Pública da União e Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia.

“Essa nossa vinda aqui é para unir forças e dizer que vocês não estão sozinhos”, explicou Sirlene Assis, ouvidora da DPE/BA. “O Brasil precisa de líderes como o cacique Babau, mas precisamos resguardar nossos líderes para que a luta continue”, completou ao se comprometer com a realização de uma audiência pública para tratar das violações sofridas pelo indígena.

O coordenador da 3ª Regional da DPE/BA, com sede em Ilhéus, Leonardo Couto Salles, reforçou o compromisso com as demandas dos mais vulneráveis. “Viemos ver com os próprios olhos o que realmente está acontecendo, fazer essa escuta qualificada e prosseguir com os devidos encaminhamentos”, explicou.

“Esse homem é um parceiro, um amigo. Os filhos da gente estudam aqui [na escola indígena], tem saúde atendida aqui. Falaram que ele atacou a gente, mas é o contrário. Ele acolhe a gente”, relatou Gutemberg Moura, secretário da Associação Nova Era, que representa parte dos posseiros. “Nossas crianças e mulheres estão sofrendo. Tem gente que desapareceu e até hoje nada foi resolvido. Precisamos que alguém tome providências, que algo seja feito”, completou Valdir Bispo, representante da Associação Unacafé.

Para o cacique Babau, a tentativa de incriminá-lo é para incentivar a violência e ameaças contra as comunidades indígenas e suas lideranças. Ele citou diversas ocasiões em que foi acusado injustamente de crimes, afirmou que estava acompanhado por um estudante da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia na noite que aconteceram os ataques.

O líder Tupinambá também revelou que tem sido, recorrentemente, alertado sobre esquemas que planejam sua morte. “Eu vivo 24 horas sob ameaças e agora estou sendo acusado de atacar aqueles que a gente cuida, aqueles que a gente recebe”, denunciou.