De acordo com os Pataxós, os ataques iniciarm no final de junho, quando os indígenas organizaram ocupações em fazendas que ficam em áreas reivindicadas por eles.

Dois dias depois do assassinato do indígena Pataxó Gustavo Conceição da Silva, de 14 anos, a Aldeia Nova que fica em Prado,  foi atacada a tiros. De acordo com os indígenas, pessoas armadas, invadiram a aldeia, entraram na casa do cacique Jovino e mataram um de seus cachorros. Horas antes, o líder local havia gravado um vídeo em que pedia providência das autoridades contra as ameaças sofridas. Durante os ataques, ele estava escondido na mata e não foi atingido.

Os pistoleiros seriam os mesmos do ataque de domingo, que vitimou Gustavo Conceição e deixou outro jovem ferido, também a tiros. Ainda conforme os Pataxós, os ataques seriam ordenados por fazendeiros da região, que iniciaram uma onda de ameaças desde o final de junho, quando os indígenas organizaram ocupações em fazendas que ficam em áreas reivindicadas por eles.

Entre Porto Seguro e Prado, existem duas Terras Indígenas – Barra Velha e Comexatibá – que somam cerca de 12 mil pessoas e cujos processos de demarcação já estão em fase final, mas ainda aguaram a assinatura da presidência. Enquanto o processo burocrático está parado, os indígenas começaram algumas retomadas.

No domingo, o ataque foi na TI Comexatibá, e nesta terça na Aldeia Nova, que fica na TI Barra Velha. Ambas são vizinhas. Horas antes da invasão, na tarde de terça, o cacique Jovino gravou um vídeo em que pedia apoio das autoridades.

Na Aldeia Nova, vivem cerca de 60 famílias. Pistoleiros teriam disparado tiros dentro da comunidade, mas ninguém foi ferido. Eles entraram na casa do cacique Jovino, mas não o encontraram, e atiraram em dois cachorros, deixando um morto, afirma o pataxó Ricardo Oliveira, que é secretário municipal de Assuntos Indígenas de Prado, e acompanha a situação. Segundo ele, o ataque só terminou quando a Polícia Militar chegou ao local, por volta das 2 da manhã.

Oliveira diz que, desde 2000, os Pataxós reivindicam terras no Sul da Bahia. A TI Barra Velha é delimitada, mas agora reivindica-se uma expansão, e a TI Comexatibá está na chamada “fase de contestação”, antes da homologação final. Nos últimos meses, em protesto contra a demora, os indígenas iniciaram retomadas em alguns desses territórios.

O defensor público da União Vladimir Correia vem acompanhando os casos. Nesta quinta, haverá audiência de cinco ações possessórias movidas por fazendeiros contra os Pataxós, por causa das retomadas. Ele explica que fez uma vistoria nas aldeias, junto com o MPF, em julho, e que as lideranças reforçaram as suspeitas sobre envolvimentos de policiais militares nos ataques.