Pesquisadores estudam a possibilidade de um teste sanguíneo comercial, que já se encontra no mercado, que pode ser tão bom, ou mesmo ultrapassar, as punções lombares e os exames dispendiosos na detecção de sinais de Alzheimer no cérebro.

Estudos recentes tornaram mais próxima de se tornar realidade a possibilidade de fazer análises do sangue confiáveis para detectar a demência.

Um projeto no valor de 5 milhões de libras foi lançado por pesquisadores do Reino Unido no ano passado com o objetivo de permitir que as pessoas sejam diagnosticadas em segundos no Serviço Nacional de Saúde (NHS) dentro de cinco anos.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, os investigadores avaliaram um teste sanguíneo comercial, que já se encontra no mercado, que pode ser tão bom, ou mesmo ultrapassar, as punções lombares e os exames dispendiosos na detecção de sinais de Alzheimer no cérebro.

Nicholas Ashton, primeiro autor do estudo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, afirmou que os resultados têm implicações importantes, uma vez que a investigação demonstrou que os medicamentos donanemab e lecanemab podem retardar o declínio cognitivo nos doentes de Alzheimer.

“Para receber [os novos medicamentos], é preciso provar que se tem amiloide no cérebro”, afirmou. “É simplesmente impossível fazer punções lombares e exames cerebrais a todas as pessoas que precisariam de fazê-los em todo o mundo. É por isso que a análise do sangue tem um enorme potencial.”

No entanto, Ashton acrescentou que os testes podem ser úteis mesmo que esses medicamentos não estejam disponíveis – como é o caso no Reino Unido.

“Pode dizer-se que não se trata da doença de Alzheimer e que pode ser outro tipo de demência”, destaca Ashton, o que ajudaria a orientar a rotina de gestão e tratamento do doente.

Na revista Jama Neurology, Ashton e os colegas explicaram que a proteína p-tau217 é um biomarcador bem conhecido para as alterações no cérebro associadas à doença de Alzheimer.

Trabalhos anteriores demonstraram que a proteína pode ser usada para diferenciar o Alzheimer de outras doenças neurodegenerativas e para detectar a doença mesmo em caso de déficit cognitivo ligeiro.

As medições da p-tau217 no sangue revelaram-se promissoras como instrumento de diagnóstico da doença de Alzheimer. No entanto, a disponibilidade de tais testes para investigação e utilização clínica é limitada.

Para Richard Oakley, diretor adjunto de Investigação e Inovação da Alzheimer’s Society, o estudo é um passo bem-vindo na direção certa.